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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Começa nesta sexta período de inscrições para o Festival Drummond com Humor
08/10/2010 10H43


O período de inscrições para o “Festival Drummond com Humor”, ou simplesmente “Drummor”, começa nesta sexta-feira, 8 de outubro, em Itabira. O concurso municipal estudantil de humor gráfico, que teve sua primeira edição em 2009, (na época, Salão Drummond de Humor), tendo como tema o poema “O Maior Trem do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade, traz novas propostas para sua segunda edição: a primeira delas é a mudança de nome.
A premiação acontecerá no dia 29 de outubro e a exposição ficará até o dia 7 de novembro na Casa de Drummond. Depois descerá para a galeria da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, onde permanecerá de 8 a 15 de novembro.
Este ano serão seis vencedores (três de cartuns e três de caricaturas), além de troféus personalizados e uma turnê turística pelas cidades históricas. O evento “Tropeirão Ilustrado (http://tropeirao.blogspot.com) fará parte da programação, substituindo os debates literários do projeto 2009.
Em relação à filosofia do Festival, o Drummor continua sendo uma importante ferramenta para garimpar novos talentos do humor gráfico em Itabira e proporcionar visibilidade aos seus trabalhos, além de difundir e popularizar o roteiro turístico Museu de Território Caminhos Drummondianos, propagando a obra do “poeta maior” entre todas as gerações.
Este ano, a Produção Ilimitada, Gestão, Planejamento e Política Cultura assina o evento. O Drummor conta ainda com importantes parcerias: FCCDA e Secretaria Municipal de Educação.
Mais informações sobre como participar: http://drummor.blogspot.com/ ou: (31) 85625463 – (31) 85002334.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Poemas de Dezembro

Poemas de Dezembro

Carlos Drummond
de Andrade

Carlos Drummond de Andrade

Em 1963 Lázaro Barreto, como muitos outros, mandou para Carlos Drummond de Andrade um exemplar de seu livro "Contos do Apocalipse Clube", já que estava dando seus primeiros passos no mundo das letras. Tocado pela situação de Barreto, que à época residia em uma pequena cidade mineira, Marilândia, Drummond, bem a seu estilo, lhe escreve comentando a obra e começa uma troca de correspondências com o iniciante que durou mais de 20 anos. Os dois jamais se encontraram pessoalmente, mas o poeta nunca deixou de remeter suas opiniões sobre os escritos de seu conterrâneo e, principalmente, alguns poemas que permaneceram inéditos até há pouco. Sua gentileza chegou ao ponto de enviar um poema onde comemorava o nascimento da primeira filha de Barreto, mesmo errando seu nome (Ana Paula):

Lázaro e Inês
Agora três
Nada comum
Os três agora
Formam só um
A toda hora
Arte de amar
Lição de aula
Aberta em flor
Maria Paula.

Abaixo, alguns dos "Poemas de Dezembro" agora revelados:
Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é vôo de um pássaro
é uma canção.
(Dezembro de 1968)

Uma vez mais se constrói
a aérea casa da esperança
nela reluzem alfaias
de sonho e de amor: aliança.
(Dezembro de 1973)

Fazer da areia, terra e água uma canção
Depois, moldar de vento a flauta
que há de espalhar esta canção
Por fim tecer de amor lábios e dedos
que a flauta animarão
E a flauta, sem nada mais que puro som
envolverá o sonho da canção
por todo o sempre, neste mundo
(Dezembro de 1981)

Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor.
(Dezembro de 1985)

Para encerrar, uma receita de Ano Novo dada pelo poeta:
Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.
Conheça o autor e sua obra visitando "Biografias".

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Biografia

Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira. Posteriormente, foi estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo com os Jesuítas no colégio Anchieta. Formado em farmácia, com Emílio Moura e outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar o modernismo no Brasil. No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma poesia" (1930), o seu poema Sentimental é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil", feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas. Bem, durante a maior parte da vida, Drummond foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguindo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.[1] Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas.

Drummond e o Modernismo Brasileiro

Drummond, como os modernistas, proclama a liberdade das palavras, uma libertação do idioma que autoriza modelação poética à margem das convenções usuais. Segue a libertação proposta por Mário e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre, acentua-se a libertação do ritmo, mostrando que este não depende de um metro fixo (impulso rítmico). Se dividirmos o Modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald de Andrade.

A poesia de Drummond

Estátuas Dois poetas', na cidade de Porto Alegre. Em pé, Carlos Drummond de Andrade. Sentado, Mário Quintana. Drummond tinha um livro de bronze nas mãos, que foi roubado. As pessoas agora colocam sempre um livro nas mãos do poeta. Na foto, o livro que está com ele é "Diário de um Ladrão", do Jean Genet.
Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estreias modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um modernista. De fato herda a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas. Mas vai além. "A obra de Drummond alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto Helder ou Murilo Mendes — um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi (1994).
Affonso Romano de Sant'ana costuma estabelecer que a poesia de Carlos Drummond a partir da dialética "eu x mundo", desdobrando-se em três atitudes:
  • Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica
  • Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social
  • Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica
Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que Drummond escreve. A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente amarrada ao neocapitalismo, à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e secamente no eu artístico do último Drummond, que volta, com frequência, à aridez desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável / Fique quieto no seu canto. / Não ame. Muito a propósito da dua posição política, Drummond diz, curiosamente, na página 82 da sua obra "O Obervador no Escritório", Rio de Janeiro, Editora Record, 1985, que "Mietta Santiago, a escritora, expõe-me sua posição filosófica: Do pescoço para baixo sou marxista, porém do pescoço para cima sou espiritualista e creio em Deus."
No final da década de 1980, o erotismo ganha espaço na sua poesia até seu último livro.

Temas típicos da poesia de Drummond

  • O Indivíduo: "um eu todo retorcido". O eu lírico na poesia de Drummond é complicado, torturado, estilhaçado. Vale ressaltar que o próprio autor já se definia no primeiro poema de seu primeiro livro (Alguma Poesia) como um gauche, ou seja, alguém desajeitado, deslocado, tímido, posição que marca presença em toda sua obra.
  • A Terra Natal: a relação com o lugar de origem, que o indivíduo deixa para se formar.
  • A Família: O indivíduo interroga, sem alegria e sem sentimentalismo, a estranha realidade familiar, a família que existe nele próprio.
  • Os Amigos: "cantar de amigos" (título que parafraseia com as Cantigas de Amigo). Homenagens a figuras que o poeta admira, próximas ou distantes, de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, de Machado de Assis a Charles Chaplin.
  • O Choque Social. O espaço social onde se expressa o indivíduo e as suas limitações face aos outros.
  • O Amor: Nada romântico ou sentimental, o amor em Drummond é uma amarga forma de conhecimento dos outros e de si próprio .
  • A Poesia. O fazer poético aparece como reflexão ao longo da sua poesia.
  • Exercícios lúdicos, ou poemas-piada. Jogos com palavras, por vezes de aparente inocência naïf.
  • A Existência: a questão de estar-no-mundo.

Obra literária

Poesia

Foto do Memorial Carlos Drummond de Andrade, em Itabira - MG.
  • Alguma Poesia (1930)
  • Brejo das Almas (1934)
  • Sentimento do Mundo (1940)
  • José (1942)
  • A Rosa do Povo (1945)
  • Claro Enigma (1951)
  • Fazendeiro do ar (1954)
  • Quadrilha (1954)
  • Viola de Bolso (1955)
  • Lição de Coisas (1964)
  • Boitempo (1968)
  • A falta que ama (1968)
  • Nudez (1968)
  • As Impurezas do Branco (1973)
  • Menino Antigo (Boitempo II) (1973)
  • A Visita (1977)
  • Discurso de Primavera (1977)
  • Algumas Sombras (1977)
  • O marginal clorindo gato (1978)
  • Esquecer para Lembrar (Boitempo III) (1979)
  • A Paixão Medida (1980)
  • Caso do Vestido (1983)
  • Corpo (1984)
  • Amar se aprende amando (1985)
  • Poesia Errante (1988)
  • O Amor Natural (1992)
  • Farewell (1996)
  • Os ombros suportam o mundo(1935)
  • Futebol a arte (1970)

Antologia poética

  • A última pedra no meu caminho (1950)
  • 50 poemas escolhidos pelo autor (1956)
  • Antologia Poética (1962)
  • Antologia Poética (1965)
  • Seleta em Prosa e Verso (1971)
  • Amor, Amores (1975)
  • Carmina drummondiana (1982)
  • Boitempo I e Boitempo II (1987)
  • Minha morte (1987)

Infantis

  • O Elefante (1983)
  • História de dois amores (1985)
  • O pintinho (1988)

Prosa

  • Confissões de Minas (1944)
  • Contos de Aprendiz (1951)
  • Passeios na Ilha (1952)
  • Fala, amendoeira (1957)
  • A bolsa & a vida (1962)
  • Cadeira de balanço (1966)
  • Caminhos de João Brandão (1970)
  • O poder ultrajovem e mais 79 textos em prosa e verso (1972)
  • De notícias & não-notícias faz-se a crônica (1974)
  • Os dias lindos (1977)
  • 70 historinhas (1978)
  • Contos plausíveis (1981)
  • Boca de luar (1984)
  • O observador no escritório (1985)
  • Tempo vida poesia (1986)
  • Moça deitada na grama (1987)
  • O avesso das coisas (1988)
  • Auto-retrato e outras crônicas (1989)
  • As histórias das muralhas (1989)

Representações na cultura

Drummond já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Carlos Gregório e Pedro Lito no filme Poeta de Sete Faces (2002) e Ivan Fernandes na minissérie JK (2006).
Também teve sua efígie impressa nas notas de NCz$ 50,00 (cinquenta cruzados novos) em circulação no Brasil entre 1988 e 1990.
Atualmente, também, a representações em Esculturas do Escritor, como é o caso das estátuas 'Dois poetas', na cidade de Porto Alegre, e também 'O Pensador, na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, além de um memorial em sua h